Resumo: Em continuidade com as discussões promovidas na RIDS – Rede Interdisciplinar sobre Desenvolvimento e Saberes, buscamos o fortalecimento das pesquisas que contemplam a relação entre tecnologias sociais por intermédio da leitura dos saberes, dos fazeres e das práticas “populares” sustentáveis, sustentadas. Desse lugar, trataremos da conexão do binômio cultura e desenvolvimento para pensarmos em “inovações sociais” fundamentadas nas tramas que se estabelecem entre atores, humanos e não-humanos. Tem-se a perspectiva de identificarmos as construções sócio-históricas que transpassam por fatores culturais (história, identidade, tradição, memória, pertencimento, protagonismo, autonomia, solidariedade, entre outros) que fornecem sentido, existência e permanência às pessoas, coisas e objetos (materiais e imateriais), dentro das dinâmicas que envolvem o lugar, o território e a dignidade da pessoa. Esperamos receber um conjunto de trabalhos que façam leituras interdisciplinares e traduções sociotécnicas de elementos da cultura e das transformações da realidade local. Estes, enfatizando as estratégias que pessoas, grupos, comunidades, associações efetivam para a produção de tecnologias e inovações sociais, mediante a composição dos saberes-fazeres que apontam possibilidades para imaginarmos outros desenvolvimentos, em perspectivas mais abertos, plurais, diversos e que promovam a dignidade à pessoa, à natureza, à biodiversidade e às coisas.
Coordenadores: Carlos Alberto Máximo Pimenta (UNIFEI), André Luiz da Silva (Universidade de Taubaté), Elisa Maria Andrade Brisola (Unis), Suzana Lopes Salgado Ribeiro (Unis – Centro Universitário do Sul de Minas)
Debatedora: Lígia Maria de Mendonça Chaves Incrocci (Universidade Federal de Itajubá)
17/09/2025 – Sessão 01
- Horário: 14:00 – 16:00
- Local: Mirante do Rio – sala 308 (3o andar)
Parar de se Desenvolver Para Voltar a se Envolver – Yuri Diniz Leite (PUC-RIO)
No cerrado brasileiro, na serra do roncador, mato grosso – br, um povo autodenominado a’uwê, também conhecido como xavante, protege essa região há séculos. No território indígena pimentel barbosa, na aldeia ripá, existe atualmente um cenário de insegurança alimentar que coloca esse povo originário e seus saberes ancestrais em risco. Originalmente, o povo a’uwê, assim como a maioria das etnias indígenas do brasil, sempre foi nômade. A partir do contato com os warazu (não indígenas), as transformações e imposições culturais, ao longo do tempo, os forçaram a mudar alguns costumes, como, por exemplo, tornarem-se sedentários. Historicamente, essa etnia sempre praticou agricultura através do fogo, técnica conhecida como coivara ou roça de toco. Quando eram nômades, em um contexto com uma densidade demográfica muito menor que nos dias atuais, com um cerrado rico e biodiverso e um fluxo migratório intenso, pode-se dizer que essa prática fazia sentido para aquela realidade. Nosso objetivo principal é criar uma ilha de abundância, promovendo a soberania alimentar e a autonomia econômica na aldeia por meio de um sistema agroflorestal sintrópico, regenerando o ecossistema local e fortalecendo a existência da cultura a’uwê.
Mapeamento dos saberes para fins de geração de renda no Circuito de Turismo Caminhos da Mantiqueira – Claraelisa Martins Mariano (UNIFEI), Lígia Maria de Mendonça Chaves Incrocci (Universidade Federal de Itajubá)
Este trabalho propõe mapear saberes populares com potencial de geração de renda nos municípios pertencentes ao Circuito Turístico Caminhos da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais. A pesquisa parte da constatação de que as políticas culturais e de turismo locais, embora reconheçam o valor das tradições regionais, ainda trabalham sob lógicas econômicas convencionais que desconhecem os saberes comunitários. Objetiva-se identificar os saberes invisibilizados, mas que podem se articular com práticas de turismo criativo e economia da cultura. A metodologia envolve pesquisa empírica qualitativa com levantamento documental, entrevistas semiestruturadas com gestores públicos e produtores culturais, observação de campo e registro etnográfico em municípios do Circuíto Turístico Caminhos da Mantiqueira. Os resultados parciais apontam a existência de iniciativas culturais com potencial de geração de renda, ainda não contempladas pelas políticas locais. O estudo se ancora no conceito de “economia dos saberes” como estratégia para promover o desenvolvimento local sustentável, valorizando a cultura viva e os modos de vida da população. Portanto, reconhecer e integrar os saberes populares às políticas públicas revela-se um caminho promissor para fortalecer iniciativas locais, promover a valorização das culturas vivas e ampliar as possibilidades de geração de renda, contribuindo para formas de desenvolvimento mais justas e participativas.
Do clima à mesa: arranjos e práticas alimentares em resposta a eventos climáticos extremos no Território do Médio Juruá/AM – Júlia Menin (UFRGS)
O território do Médio Juruá, no estado do Amazonas, município de Carauari, tem vivenciado eventos climáticos extremos, como secas severas e enchentes históricas, que impactam fortemente a segurança alimentar das comunidades ribeirinhas. Essas mudanças não afetam apenas a disponibilidade de alimentos, mas também alteram a composição da renda familiar, as plantas cultivadas, os locais de plantio e geram um aumento no consumo de ultraprocessados, especialmente em períodos de crise. Nesse cenário, emergem arranjos envolvendo associações comunitárias, ONGs, governos e agentes não-humanos, desempenhando um papel central na garantia da alimentação no território. Um exemplo marcante é o programa “Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário”, tecnologia social da ASPROC (Associação dos Produtores Rurais de Carauari), que facilita a circulação de alimentos e produtos entre comunidades, fortalecendo redes locais em momentos críticos. Para a realização desta pesquisa, foram conduzidas 50 entrevistas com moradores da comunidade Nova Esperança, localizada na RESEX do Médio Juruá, bem como com membros de associações, governos e organizações. Esses arranjos refletem em mudanças nas práticas agrícolas e alimentares, com transformações nos roçados, nos alimentos consumidos e nos horários e locais de plantio, “adaptados” às novas condições climáticas. Esses arranjos, articulam práticas locais que fortalecem a segurança alimentar frente à intensificação das mudanças climáticas e indicam caminhos para políticas públicas mais efetivas e adequadas às realidades locais.
A integração de saberes na cosmotécnica Ka’apor: elementos bioculturais da casa de sementes – Taynara Morais Portal (UFPA), Carlos Victor Correa Pontes (UFPA – Universidade Federal do Pará)
A abordagem investigativa proposta neste trabalho condiz na compreensão da Casa de Sementes do Povo Ka’apor, localizado na Área de Proteção Ararorendá, na Terra Indígena Alto Turiaçu, localizada no noroeste do estado do Maranhão, na Amazônia Oriental. A pesquisa apresenta a Casa de Sementes Ka’apor na intenção de identificar a importância desse espaço para proteção e transmissão dos saberes sobre elementos bioculturais na cosmotécnica Ka’apor e sua importância para manutenção da memória biocultural. A partir de dados obtidos por meio de conversas com mestres da cultura, educandos do projeto educacional Ka’apor e de fatores climáticos observados no território Ka’apor, identificamos juntamente com nossos interlocutores que esses elementos bioculturais são compostos de diferentes tecnologias indígenas originárias, que abrangem um conjunto diversificado de cosmotécnica Ka’apor para diversos fins, como artefatos, agricultura, medicina, indumentárias e suas casas. Desta forma, foram realizadas diferentes atividades de forma coletiva na construção da casa da sementes, com a intenção de manter o espaço biocultural como proposta de ambiente em que essas tecnologias, transmitidas principalmente por meio da oralidade, refletem uma profunda relação de respeito e harmonia com a natureza, adaptada às condições climáticas atuais.
Patrimônio como tecnologia social: o estudo do caso da cidade de Taubaté-SP – Rachel Duarte Abdala (Universidade de Taubaté)
Propõe-se, neste estudo analisar o conjunto do patrimônio tombado da cidade de Taubaté-SP sob a perspectiva da tecnologia social, considerando-se as dimensões material e imaterial do patrimônio. Na cidade há quarenta e dois bens patrimoniais tombados nas três esferas: municipal, estadual e nacional, que englobam diferentes períodos históricos e que registram uma diversidade de categorias de soluções arquitetônicas, de tipos de materiais e que mobilizaram diferentes tecnologias para a sua construção. Considera-se que o patrimônio de uma comunidade é o resultado de um processo histórico que reflete as tensões, conflitos, valores e anseios socioculturais, bem como a dinâmica de uma comunidade. Para a realização deste estudo recorreu-se à observação direta dos bens tombados e à análise documental de documentos que informam a respeito da sua construção, tais como documentos oficiais, fotografias e artigos de jornal. Essa documentação está sob a guarda do Arquivo Histórico de Taubaté, do Museu da Imagem e do Som de Taubaté e da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa. Concluiu-se que assim como o patrimônio é dinâmico da sua relação com a sociedade, a discussão conceitual e a sua percepção pelas comunidades também precisa acompanhar esse movimento. O patrimônio pode ser percebido como tecnologia social à medida que se configura como o resultado de múltiplas esferas de composições sociais em esferas culturais, econômicas e políticas.
O que contam os monstros do Vale do Paraíba? Desenhos e histórias como artefatos simbólicos – Gabriel Fujarra Magalhães Capello (UNITAU), André Luiz da Silva (Universidade de Taubaté)
O que nos contam os monstros? Este questionamento orienta a presente proposta, vinculada a uma pesquisa de mestrado em andamento, cujo foco está na escuta e análise de narrativas e imagens sobre monstros, elaboradas por moradores do interior do Vale do Paraíba. O recorte aqui apresentado busca compreender quais temas emergem e se entrelaçam nesses relatos, considerando a monstruosidade como operador simbólico e cultural. Metodologicamente, utilizou-se do procedimento do Desenho-Estória Temático, no qual os participantes foram convidados a desenhar e contar uma história sobre um monstro. As produções – orais e graficamente – resultantes são analisadas como fragmentos de um “mito individual”, em diálogo com a antropologia estrutural do Lévi-Strauss e a psicanálise de Lacan. Contudo, ao tratar-se de um conjunto de cinquenta participantes, essas manifestações também são compreendidas como artefatos simbólicos, pois são produzidas no entrelaçamento entre território, memória, tradição e vivências subjetivas que significam a experiência. Logo, o monstro pode ser compreendido como um significante para narrar e reinventar a realidade, o monstro é bom para se pensar.
Palavras-Chaves: Monstro; Desenho; Narrativas; Artefatos Simbólicos e Mito.
Os Lugares da Viola Caipira: Proposta de Estudo da Viola Caipira no Vale do Paraiba Paulista – William Joseph Gomes de Oliveira (UNITAU), André Luiz da Silva (Universidade de Taubaté)
A cultura caipira é (re)produzida e transformada por meio de sociabilidades que ocorrem em espaços destinados ao encontro e à convivência, sobretudo no meio rural. Porém, processos como a urbanização, a globalização e a cultura digital vêm transformando essas formas de sociabilidade, exigindo novos olhares sobre o tema. A pesquisa visa compreender como as ações culturais voltadas à formação e difusão da cultura da Viola caipira contribuem para a produção de sociabilidades. Paralelamente, busca-se analisar, dialeticamente, o papel das dinâmicas dessas sociabilidades na consolidação e expansão da Viola caipira, tanto em contextos rurais quanto urbanos, em um município do Vale do Paraíba Paulista. Os participantes da pesquisa são mestres da cultura popular e violeiros envolvidos em iniciativas de difusão da Viola caipira no município estudado. A coleta de dados está sendo realizada por meio de observação participante, com registros em diário de campo de atividades como oficinas culturais, encontros de violeiros, festas populares em espaços públicos e/ou privados. Também serão realizadas entrevistas com os participantes selecionados, conforme a relevância observada durante a pesquisa etnográfica. A análise dos dados será conduzida por triangulação de métodos. Uma das constatações preliminares aponta para a expressiva presença da Viola caipira em territórios rurais periféricos, revelando a complexa e dinâmica interação entre lugares, pessoas e artefatos na produção e reprodução da cultura popular tradicional. Palavras-chave: Sociabilidades, Mediação, Desenvolvimento Humano
Entre Alambiques e Inovação: Sustentabilidade e Cultura na Produção Artesanal de Cachaça em Itajubá/MG – Camille Vitória Cutrim Gemaque (UNIFEI), Carlos Alberto Máximo Pimenta (UNIFEI)
Este trabalho aborda um estudo de caso sobre a produção artesanal de cachaça artesanal na microrregião de Itajubá/MG. Inserida no projeto “Regionalidades, Economia e Cultura”, a pesquisa articula os campos da Engenharia de Produção e dos estudos CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) para refletir sobre o desenvolvimento sustentável em territórios com forte expressão cultural e rural. A cachaça, além de produto econômico, é símbolo de identidade, história e práticas tradicionais transmitidas por gerações. Parte-se do reconhecimento de que é urgente pensar tecnologias que dialoguem com saberes tradicionais e promovam a valorização das comunidades locais.
Objetivos: Objetiva-se identificar como a Engenharia de Produção pode facilitar a sustentabilidade e competitividade de pequenas cachaçarias artesanais, integrando ferramentas simples de gestão, como checklists e Kanban, ao cotidiano produtivo, sem apagar os valores culturais.
Conclusão: Na busca da compreensão às limitações enfrentadas por produtores locais, a pesquisa trouxe sugestões e estratégias de produção, sem distanciamento da tradição do processo, da inovação e preservação ambiental. Demonstrou-se, também, que é possível combinar práticas sustentáveis e tecnologias acessíveis à realidade rural, promovendo um futuro em que desenvolvimento local e cultura caminhem juntos. A Engenharia de Produção, nesse contexto, revela-se como ponte entre inovação e preservação.
Desenvolvimento Regional, CTS e Sustentabilidade: Aproximação e análise das necessidades da comunidade de São João da Cristina, Maria da Fé, MG. – Kellen Moreira da Fonseca (UNIFEI), Adilson da Silva Mello (UNIFEI)
Trata-se de um estudo interdisciplinar entre as áreas de ciências sociais e engenharias para promoção de políticas de sustentabilidade e geração de renda na microrregião de Itajubá, Sul de Minas Gerais. Fundamentado na ruralidade expressiva da região, o trabalho justifica-se ao buscar formas de planejamentos urbanos e rurais que escapem das concepções vigentes de individualismo, mercantilização de bens comunitários, degradação ambiental e crescimento puramente econômico. Objetiva-se identificar possibilidades de fortalecimento da comunidade que englobem tecnologias sociais, ruralidade e economia dos saberes no desenvolvimento do território em análise. O trabalho é composto por 1) coleta e organização de dados secundários da região; 2) aproximação com a comunidade e a escuta das demandas e necessidades da população residente; e 3) promoção de iniciativas de extensão que aproximem as relações entre universidade e comunidade. Enquanto resultados parciais, fez-se a partir da coleta de dados, uma leitura inicial das necessidades da população em foco e a identificação da utilização de biodigestores para limpeza do córrego que corta o bairro São João da Cristina, Maria da Fé -MG, como uma das possibilidades de promover geração de renda e autossubsistência na região, dentro das necessidades estipuladas pela comunidade em questão, uma vez que o bairro tem forte atividade de plantio, em que a qualidade da água é de suma importância.
18/09/2025 – Sessão 02
- Horário: 14:00 – 16:00
- Local: Mirante do Rio – sala 308 (3o andar)
Mobilidade Urbana e Inovação: Desenvolvimento de um Sistema de Apoio a Motoboys e Motofretistas – Franklin Adson Roque (UNIFESP), Denise Stringhini (UFRGS)
O crescimento urbano transformou o modo de viver e consumir, o que tornou o acesso a produtos e serviços de diversos lugares parte do cotidiano dos moradores. Para viabilizar essa dinâmica, a distribuição precisa ser altamente otimizada. Nesse contexto, os motoboys e motofretistas se destacam ao aprimorar a capilaridade e a mobilidade das entregas sobre duas rodas nos grandes centros. Esses profissionais enfrentam baixos salários, rotinas exaustivas e condições estressantes no trânsito, afetando sua qualidade de vida. Este projeto propõe cocriar, juntamente com os motoboys, um protótipo de um aplicativo, com funcionalidades básicas para atender às necessidades dos usuários e coletar feedback. Este aplicativo será desenvolvido com foco na melhoria das condições de trabalho e segurança dos motoboys e motofretistas em São José dos Campos. Com base na metodologia Design Science Research, o projeto buscará identificar as demandas destes profissionais e implementará funcionalidades elencadas e priorizadas em cocriação com os motoboys, os quais participarão em todo o processo de desenvolvimento, através de formulários, demonstrações, avaliações e feedbacks. Espera-se que o aplicativo contribua para o bem-estar dos profissionais e sirva como modelo replicável.
Ribeirinhos ciborgues: entre paisagens, mobilidades e tecnologias de uma vida ribeirinha – Joicieli Pereira de Lima (UFPA), Ádima Farias Rodrigues Monteiro (seduc)
Esta pesquisa é parte de um trabalho etnográfico da dissertação no qual busco mostrar o modo de vida da população ribeirinha marajoara em São Sebastião da Boa Vista – Pa e suas práticas cotidianas diante da sazonalidade entre inverno e verão, especificamente na localidade Pau de Rosa que se encontra na zona rural do município, do qual as pessoas chamam de “interior”. A partir da prática da vida cotidiana das pessoas foi possível notar que elas estavam se deslocando seja pelo rio, pelo seco, pela lama, mas que dentro desse deslocamento a noção de tempo e espaço para se referir ao que é perto e ao que é longe estava sendo mediada pela relação das pessoas com as diferentes paisagens, principalmente pela presença ou ausência da água, compreendendo como parte da sua realidade e do seu modo de vida, agindo de acordo com essa vinculação ao seu próprio cotidiano. Além disso, também se relaciona com as tecnologias utilizadas para o deslocamento que dependendo se as pessoas têm ou não os equipamentos se torna mais fácil ou mais difícil de interagir com as paisagens. Nesse sentido, é possível perceber como as relações das pessoas está condicionada pela relação entre si, entre as paisagens e os objetos, se tornando um sujeito híbrido, ou no sentido de Donna Haraway (1991) um ciborgue.
Diversidade nas Startups: Uma Revisão Crítica da Literatura sobre DEI e Inovação Organizacional – Beatriz Vilas Boas Jorge (UNIFEI), Jeniffer de Nadae (UNIFEI)
O ecossistema de startups impulsiona a inovação, mas ainda reproduz desigualdades sociais. A Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) é essencial, pois equipes diversas promovem maior inovação e capacidade de resolução de problemas, apesar das barreiras estruturais enfrentadas por grupos sub-representados em razão de gênero, raça e idade. A literatura sobre diversidade em startups tem crescido, mas permanece fragmentada, com lacunas na análise interseccional das desigualdades e na aplicação de políticas de DEI. Esta revisão busca consolidar esse campo, destacando a DEI como imperativo estratégico e ético para empreendimentos inovadores. O objetivo é analisar como a literatura recente aborda os impactos da diversidade (demográfica, cognitiva, de valores e experiências de vida) nas startups e sua relação com inovação, desempenho e inclusão. Especificamente, busca-se identificar obstáculos para grupos sub-representados, mapear evidências que conectam diversidade a desempenho, explorar estratégias de DEI em startups e avaliar os impactos de vieses estruturais no acesso a recursos. A análise indica que a diversidade é estratégica para inovação, desempenho e sustentabilidade das startups. Barreiras estruturais, simbólicas e institucionais limitam o ingresso e crescimento de mulheres, pessoas negras e indivíduos 50+. Em contextos inclusivos, equipes diversas têm melhor desempenho e engajamento. Práticas como flexibilidade e cultura inclusiva são eficazes. A gestão da diversidade é essencial para a disrupção e sustentabilidade no mercado atual.
Culturas Construtivas em Disputa: Memória, Ancestralidade e a Tensão Epistemológica na Construção com Terra no Sul de Minas – Matheus Mendonça dos Reis (UNIFEI), Lucas Pereira da Silva (UNIFEI), Isadora Felícia da Silva (UNIFEI), Viviane Guimarães Perereira (UNIFEI), Carolina Quintero Ramírez (UNIFEI), Jesús Antonio García Sánchez (UNIFEI)
A urgência da ação climática impulsiona um renovado interesse por técnicas construtivas de baixo impacto ambiental, como a taipa-de-pilão e o pau-a-pique (Dias, 2022). Estudar a reintrodução dessas práticas no Sul de Minas Gerais, nos revela uma fratura epistemológica, que espelha um conflito mais amplo sobre modelos de desenvolvimento (Pimenta, 2017). De um lado, comunidades rurais e periféricas, muitas vezes marcadas por um histórico de transformação durante a década de 1970 (Botas, 2024), associam a construção com terra a um passado de atraso e precariedade, valorizando a alvenaria convencional como símbolo de progresso. De outro, uma nova geração de bioconstrutores, ressignifica essas técnicas como resgate da ancestralidade, alinhada à sustentabilidade (Marx, 2023). Este artigo analisa essa tensão a partir do conceito de “culturas construtivas” (Ferreira, 2012), entendidas não somente como um conjunto de técnicas, mas como um sistema de significados, valores e relações sociais (Geertz, 1989; Laraia, 2001). Utilizando uma abordagem histórico-epistemológica e dados de entrevistas, argumenta-se que o “desenho” da habitação se trata, de fato, de um ato ontológico que reflete diferentes “modos de ser” (Escobar, 2012). A pesquisa evidenciou um hiato comunicacional entre a memória de quem viveu a terra como realidade e a visão de quem a busca como ideal simbólico. Concluí-se que a viabilidade de projetos de desenvolvimento alternativo que envolvam tecnologias sociais em terra depende criticamente da compreensão e mediação dessa disputa de significados. (Rezende, 2018).
Diversidade nas Startups: Uma Revisão Crítica da Literatura sobre DEI e Inovação Organizacional – Beatriz Vilas Boas Jorge (UNIFEI), Jeniffer de Nadae (UNIFEI), Carlos Alberto Máximo Pimenta (UNIFEI)
O ecossistema de startups impulsiona a inovação, mas ainda reproduz desigualdades sociais. A Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) é essencial, pois equipes diversas promovem maior inovação e capacidade de resolução de problemas, apesar das barreiras estruturais enfrentadas por grupos sub-representados em razão de gênero, raça e idade. A literatura sobre diversidade em startups tem crescido, mas permanece fragmentada, com lacunas na análise interseccional das desigualdades e na aplicação de políticas de DEI. Esta revisão busca consolidar esse campo, destacando a DEI como imperativo estratégico e ético para empreendimentos inovadores. O objetivo é analisar como a literatura recente aborda os impactos da diversidade (demográfica, cognitiva, de valores e experiências de vida) nas startups e sua relação com inovação, desempenho e inclusão. Especificamente, busca-se identificar obstáculos para grupos sub-representados, mapear evidências que conectam diversidade a desempenho, explorar estratégias de DEI em startups e avaliar os impactos de vieses estruturais no acesso a recursos. A análise indica que a diversidade é estratégica para inovação, desempenho e sustentabilidade das startups. Barreiras estruturais, simbólicas e institucionais limitam o ingresso e crescimento de mulheres, pessoas negras e indivíduos 50+. Em contextos inclusivos, equipes diversas têm melhor desempenho e engajamento. Práticas como flexibilidade e cultura inclusiva são eficazes. A gestão da diversidade é essencial para a disrupção e sustentabilidade no mercado atual.
CORPO E NARRATIVA: possibilidades de militância política para além do institucional na cidade de Taubaté – Rafael Nathan Humel Capucho (UNITAU), Elisa Maria Andrade Brisola (Unis)
Embora o Brasil figure entre os países com maior reconhecimento formal de direitos da população LGBTI+, ainda falha em garantir uma cidadania sexual efetiva. Esta pesquisa, vinculada a uma dissertação de mestrado, reflete sobre essa contradição a partir da militância LGBTI+ na cidade de Taubaté-SP. O foco é a trajetória de uma entrevistada que se reconhece como Travesti e cuja atuação política ocorre fora das instituições formais, por meio do corpo, da performatividade e da resistência cotidiana. Seu relato evidencia formas alternativas de militância, que articulam identidade e denúncia social em espaços marcados pela exclusão. Busca-se compreender como essa militância se manifesta e os sentidos atribuídos a ela em um município interiorano, onde predominam discursos conservadores. A metodologia adotada é a história oral, conforme Alessandro Portelli, que valoriza as subjetividades e contradições presentes nas narrativas. Os resultados parciais apontam que práticas políticas fora das estruturas institucionais configuram-se como formas potentes de enfrentamento, tensionando normas de gênero e reivindicando reconhecimento e dignidade. A escuta dessas narrativas amplia a compreensão sobre os modos plurais de engajamento político LGBTI+ e contribui para a valorização de epistemologias outras.
Desigualdades no envelhecer: Gênero, raça e possibilidades decoloniais – Rafaela Aparecida Gonçalves da Fonseca (UNIFEI), Carlos Alberto Máximo Pimenta (UNIFEI), Luiz Felipe Silva (UNIFEI)
O envelhecimento feminino é caracterizado por aspectos sociais que influenciam diretamente na percepção, no desenvolvimento e na construção da longevidade. Esse processo pode ser compreendido através de uma abordagem interdisciplinar, dialogando com questões de gênero, raça, classe e outros demarcadores, uma vez que é um processo sócio-histórico, cultural e econômico. Mulheres, em especial, negras, periféricas e pertencentes à classe trabalhadora, tendem a sofrer com as desigualdades sociais estruturais e com as dificuldades características do envelhecimento, culminando em possíveis experiências de invisibilidade, desvalorização e exclusão. O objetivo é refletir sobre como esses mecanismos impactam a vivência do envelhecimento feminino, sobretudo em uma perspectiva feminista e racial, com crítica ao sistema neoliberal e possibilidades decoloniais. A metodologia utilizada é a análise teórico-reflexiva, construída a partir da articulação entre conceitos de interdisciplinaridade, envelhecimento e desigualdades sociais. Os resultados parciais sugerem que o envelhecimento feminino não ocorre de forma homogênea, principalmente em uma sociedade neoliberal. Considera-se que a análise crítica do envelhecimento feminino em um viés interdisciplinar, pode contribuir para compreender a complexidade desse processo, a fim de repensar as estruturas sociais que sustentam as desigualdades, principalmente por meio de estratégias decoloniais, buscando promover mudanças socioculturais e políticas que favoreçam formas mais dignas, integrativas e acolhedoras de envelhecer.
Entre cuias e cliques: As tacacazeiras de Belém e os atravessamentos da plataformização do trabalho – Amália Tatyane Pinto da Silva (UFPA)
O presente artigo analisa a plataformização do trabalho informal na Amazônia urbana, tomando como foco empírico as tacacazeiras de Belém do Pará, mulheres que atuam na comercialização do tacacá, prato tradicional da culinária paraense. A partir de uma abordagem qualitativa inspirada na etnografia urbana, a pesquisa buscou compreender como as redes sociais digitais, especialmente o Instagram, afetam a organização do trabalho, a visibilidade e a reprodução material dessas trabalhadoras. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com vinte interlocutoras. Além de observação participante em pontos de venda e análise de postagens em redes sociais. Os resultados indicam que a inserção nas plataformas digitais ampliou o alcance comercial do tacacá e se mostrou crucial às novas dinâmicas laborais. No entanto, essa transição impôs novas exigências às trabalhadoras, como a adoção de uma performance empreendedora, autogestão constante e domínio de competências digitais conduzidas por ideias de produtividade e engajamento. O uso das plataformas acentuou desigualdades geracionais e de acesso à tecnologia, ao mesmo tempo em que contribuiu para o enfraquecimento dos mecanismos de proteção social e de regulamentação do trabalho. Conclui-se que, embora as redes sociais ofereçam novas possibilidades de inserção econômica e valorização de saberes tradicionais, elas também reforçam dinâmicas de exploração e individualização, próprias da lógica neoliberal e da informalidade estrutural do sistema capitalista.
Inovação Social e Geração Fotovoltaica no Combate à Pobreza Energética no Brasil – Wagner Augusto de Andrade (UNIFEI)
A pobreza energética, conforme apontado por Jean et al., 2014, surge como um problema multidimensional que afeta milhões de pessoas, especialmente em regiões vulneráveis como no semiárido brasileiro, e se manifesta de diversas formas, impactando no acesso a serviços essenciais e na qualidade de vida e no desenvolvimento socioeconômico das populações afetadas. No setor energético, a inovação social tem demonstrado particular relevância, especialmente por meio da geração de energia fotovoltaica distribuída, cuja viabilidade em contextos de baixa renda no Brasil já é evidenciada por estudos recentes, como o de Zardo, 2024) e Lage (2023), objetos de análise deste resumo. O estudo tem como objetivo realizar uma revisão narrativa da literatura recente (2020-2025) para investigar como a inovação social, com foco na geração de energia fotovoltaica distribuída, tem sido empregada como ferramenta estratégica no combate à pobreza energética no Brasil, destacando suas manifestações, impactos e a contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas. Em suma, a inovação social na geração fotovoltaica no Brasil emerge como uma estratégia promissora para combater a pobreza energética e impulsionar o desenvolvimento sustentável. Ao alinhar novas soluções e modelos com as metas da Agenda 2030, essa abordagem contribui para a melhoria da qualidade de vida e o acesso universal à energia limpa em comunidades vulneráveis.
19/09/2025 – Sessão 03
- Horário: 13:30 – 15:30
- Local: Mirante do Rio – sala 308 (3o andar)
Governança Educacional Crítica: diálogos entre CTS, sociedade de risco e agenda 2030 para a educação sustentável – Evânia Bezerra de Souza (UFSCAR), Plínio Gabriel João (Centro Paula Souza – Etec de Ibaté), Shirley Ribeiro Cavalcante (UFSCAR)
Desafios globais e crises socioambientais exigem compreensão profunda da interação ciência, tecnologia e sociedade na educação. A literatura carece de análise crítica integrada sobre como a modernidade reflexiva e riscos manufaturados impactam a governança educacional da sustentabilidade. Este estudo qualitativo e explicativo, via revisão bibliográfica e análise de conteúdo, analisa as intersecções entre Estudos de Ciência, Tecnologia e Sociedade, Sociedade de Risco e Agenda 2030. O objetivo é propor um arcabouço para governança educacional mais reflexiva e equitativa. Hipotetiza-se que a modernidade reflexiva, ao gerar riscos intrínsecos, desafia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na educação, exigindo abordagem crítica da ciência e tecnologia para superar lacunas. A análise revela a ambivalência da ciência e tecnologia: cruciais para educação e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas também fontes de riscos manufaturados (exclusão digital, padronização excessiva) não abordados estruturalmente pela Agenda 2030. A vagueza do “Não Deixar Ninguém Para Trás” e a tecnocracia dos indicadores limitam a eficácia da Agenda, perpetuando desigualdades. Conclui-se que governança educacional eficaz para sustentabilidade global requer modernização reflexiva da Agenda 2030, incorporando autoavaliação crítica, participação multissetorial e responsabilização na gestão de riscos. Isso implica ir além de soluções tecnocêntricas, promovendo abordagem política e socialmente engajada da educação, contribuindo para um arcabouço analítico mais equitativo e resiliente.
Territórios do Comum: cooperativismo e associativismo popular como estratégias de resistência nas comunidades caiçaras do litoral sul de São Paulo – Vinícius Oliveira Costa (UTFPR)
O artigo objetiva refletir sobre as estratégias de resistência que compõem as práticas sociais das comunidades caiçaras do município de Iguape, no litoral sul de São Paulo. Parte das estratégias pode ser traduzida por meio dos ideais coletivos de cooperativismo e associativismo popular caiçara, que na contramão do modelo histórico-capitalista ocidental, estruturam por meio de um sistema simbólico de práticas comunitárias e de saberes populares, organização social própria, pautada a partir dos elementos territoriais que vivenciam no cotidiano. O trabalho busca demonstrar como o padrão de poder estabelecido posicionou e posiciona sujeitos, justificando divisões, hierarquizando identidades e de que maneira as trajetórias de solidariedade popular caiçara, via cooperativismo, associativismo e outras formas de organização comunitária, possibilitam alternativas outras que não a do viés capitalista convencional. Por meio de uma abordagem qualitativa, de pesquisa de campo e da análise das articulações sociais, evidenciou-se que as estratégias de resistência (cooperativa de pescadores artesanais e associação dos artesãos e produtores caseiros), possibilitaram defrontar a estrutura técnico-produtiva. Ao fazê-lo, as estratégias de resistência produzem outros sentidos, de forma ambiental, pedagógica e economicamente, que frente às atuais transformações da sociedade, podem ser contributivos e decisivos para a proposição de futuros mais justos, prósperos e plurais.
Palavras-chave: Comunidades caiçaras; Associativismo; Cooperativismo; Estratégias de resistência.
A extensão universitária enquanto caminho para a produção de Tecnologias Sociais na universidade – Lígia Maria de Mendonça Chaves Incrocci (Universidade Federal de Itajubá), Adilson da Silva Mello (UNIFEI)
O presente texto busca refletir acerca da existência de uma conexão entre a produção de tecnologias sociais e o desenvolvimento de projetos de extensão universitária no âmbito das universidades brasileiras. Parte-se, para tanto, do pensamento de que a extensão universitária atua enquanto meio propulsor da articulação entre saber acadêmico e saber popular. Apreender os saberes, fazeres e práticas populares e sustentáveis, sob a perspectiva da ciência, e trabalhar junto com os atores locais para a criação de tecnologias sociais que possam ser utilizadas no fortalecimento da economia local, na geração de renda e com vistas ao desenvolvimento socioeconêmico, é um movimento necessário para que a universidade cumpra seu papel social. Autores como Gadotti e Addor ressaltam a importância do diálogo horizontal entre universidade e comunidade, promovendo soluções coletivas para desafios sociais. Nessa perspectiva, a tecnologia social emerge como prática transformadora, vinculada à práxis extensionista. Renato Dagnino, por sua vez, destaca que a extensão crítica possibilita a coprodução de conhecimentos voltados ao bem comum, promovendo inovação inclusiva e reafirmando o compromisso da universidade pública com a justiça social e o desenvolvimento sustentável. É sob essa lógica que podemos compreender a extensão universitária enquanto campo fértil para o desenvolvimento de tecnologias sociais.
Resiliência comunitária: uma análise teórico-conceitual das comunidades quilombolas do Vale do Ribeira – Juliano Costa Carvalho (UNICAMP), Ana Caroline Dias Silva (UNICAMP)
A resiliência comunitária tem se apresentado como uma categoria fundamental na compreensão das estratégias coletivas de resistência sociocultural em territórios historicamente atravessados por processos de expropriação socioterritorial. Em contextos marcados pela colonialidade do poder, a resiliência não se configura como mera adaptação passiva às adversidades, mas como ação propositiva sustentada em vínculos comunitários, na ancestralidade e na defesa dos bens comuns. Este trabalho propõe uma reflexão teórico-conceitual sobre a resiliência em comunidades quilombolas do Vale do Ribeira. A partir da articulação entre os marcos da tecnociência solidária e da governança territorial, o objetivo é discutir de que maneira essas abordagens contribuem na análise crítica das práticas e saberes produzidos por comunidades quilombolas em seus processos de luta por território, reconhecimento e autodeterminação. A abordagem metodológica adotada é de caráter teórico-analítico, centrada na articulação entre resiliência comunitária, tecnociência solidária e governança territorial para estudos sobre justiça socioterritorial. As considerações finais apontam para a necessidade de reposicionar os conceitos de resiliência e governança a partir das práticas vividas e dos referenciais próprios das comunidades, superando leituras tecnocráticas e incorporando perspectivas contra-hegemônicas, pluriepistêmicas e comprometidas com a sustentabilidade sociocultural e a reparação histórica.
Cultura Operária e Resistência em Volta Redonda: saberes, lutas e territorialidades como tecnologias sociais – Jad Tristinny de Moraes Ávila (UNIFEI), Matheus Mendonça dos Reis (UNIFEI)
Pretende-se analisar as transformações da cultura operária na cidade de Volta Redonda/RJ, com foco na Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, articulando memória coletiva, práticas de solidariedade e formas de resistência como expressões de tecnologias sociais. A partir de entrevistas com operários da greve que houve em 2022 na Usina Presidente Vargas, traça-se um paralelo com greves históricas, evidenciando a persistência de práticas culturais forjadas no chão da fábrica e nos bairros populares, como os “arrastões” dentro da CSN em períodos de greves e as ocupações urbanas, que se fazem presentes no ontem e hoje, como continuidade de formas históricas de organização popular por dignidade territorial e melhorias no ambiente de trabalho. Fundamentado em abordagens críticas ao modelo de desenvolvimento capitalista, o estudo evidencia como a precarização e a terceirização impactam a saúde, a solidariedade e o pertencimento dos trabalhadores. No entanto, também se identifica nessas práticas culturais uma potência de reinvenção social. Compreende-se a cultura operária como artefato sociotécnico e o território como espaço simbólico de produção de saberes e resistência, apontando para outras possibilidades de desenvolvimento centradas na vida coletiva.
Quem São e Como Vivem as Famílias da Reforma Agrária? Diagnóstico Socioeconômico, Fundiário e Territorial de Famílias de um Assentamento de Trabalhadores Rurais Sem Terra – Júlio Cesar Voltolini (UNITAU), Elisa Maria Andrade Brisola (Unis), Angela Michele Suave (UNITAU)
O estudo propõe um levantamento socioeconômico, fundiário e territorial de famílias residentes em um assentamento rural do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o objetivo de compreender suas condições de vida, práticas produtivas, estratégias de trabalho e renda, organização social e acesso a direitos básicos. O estudo ocorrerá no Assentamento Olga Benário, Tremembé (SP), criado em 2006 e marcado tanto por práticas agroecológicas e conflitos fundiários recentes. O objetivo geral será a construção de um diagnóstico das famílias em sete eixos: situação fundiária, uso da terra, produção e agroecologia, trabalho e renda, acesso a serviços públicos, organização social e tipologias familiares. Pretende-se, ainda, desenvolver um protocolo metodológico replicável, que permita aplicar o mesmo tipo de levantamento em outros assentamentos no Brasil. Será aplicado um questionário estruturado a cada família, organizado em seis blocos temáticos. Os dados serão analisados por estatísticas descritivas organizadas por eixo temático, com vistas à produção de um perfil geral do assentamento e à identificação de situações-limite, como famílias sem renda agrícola, com uso parcial da terra, em risco de perda da posse ou inclusive em situação ilegal de grilagem. O estudo busca fornecerá subsídios empíricos para a formulação de políticas públicas e ações de apoio técnico que fortaleçam os assentamentos rurais enquanto territórios de justiça agrária, sustentabilidade e dignidade social, contribuindo para o avanço da reforma agrária enquanto projeto social e político.
Universidade no Samba: Cultura, Educação e Geração de Renda em Itajubá – Chaquel Nataly Alcino (UNIFEI), Lígia Maria de Mendonça Chaves Incrocci (Universidade Federal de Itajubá)
Universidade no Samba é um projeto de extensão do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento, Tecnologias e Sociedade da UNIFEI (projeto nº 88881.927469/2023-01) que visa aproximar a comunidade acadêmica e os sambistas de Itajubá por meio de atividades culturais e de geração de renda. Partindo do reconhecimento do samba como patrimônio imaterial de matriz africana e recurso para o desenvolvimento local, o projeto organiza encontros mensais às quintas-feiras com oficinas de percussão, palestras e rodas de conversa para troca de saberes e registro de memórias comunitárias. A primeira fase inclui a identificação de baterias universitárias (UNIFEI, FEPI e Medicina), sambistas e produtores culturais; em seguida, realizam-se reuniões sistematizadas para levantar e catalogar informações; por fim, promovem-se capacitações práticas que estimulam a economia criativa em torno do samba . Espera-se envolver cerca de 100 participantes, entre alunos, professores e agentes culturais, fortalecendo a relação universidade-comunidade, preservando saberes ancestrais e subsidiando políticas de cultura e turismo que favoreçam a geração de renda local. Essa ação reafirma o papel da UNIFEI como agente de inovação social e inclusivo, promovendo o bem-viver a partir da riqueza cultural do samba.